Textos Marina
Uma das perguntas que mais escuto de pais que têm crianças em terapia devido à alterações na fala é: “Devo corrigir meu filho quando ele fala errado?”. E a minha resposta é, na maioria das vezes, a mesma: “Como seria essa correção?”.
Crianças
que “falam errado” são constantemente corrigidas em outros espaços de
interação- professores, colegas de classe, amigos, parentes…
Ser
corrigida de maneira muito direta pode gerar uma insegurança com relação ao ato
de falar muitas vezes fazendo com que a criança diminua suas participações em
ambientes sociais ou até mesma uma restrição no vocabulário, já que falará
apenas as palavras que se sente confortável para falar ou domina.
Por isso,
deixo aqui algumas dicas que podem ser uteis para incentivar seu filho a falar
melhor:
- Caso o seu filho já faça terapia para fala, reserve um momento apenas para realizar os exercícios propostos para casa e combine um tempo com a criança. Deixe claro que este momento é igual a um treino, no quais as correções serão realizadas, pois ali é o momento de errar e realizar as tentativas necessárias para sua evolução;
- A criança tende a se espelhar na fala dos adultos, seja de maneira consciente ou inconsciente, por isso evite reproduzir os erros das crianças por achá-los bonitinhos, pois assim você incentiva que ela fale desta maneira, pois a criança pode achar que está correto ou que tem mais atenção quando fala assim. Por isso nada de falar “ você quer a mamadeila?”
- Evite usar diminutivos, como por exemplo, comidinha, borboletinha, cachorrinho, leitinho e etc. Se a criança já possui alguma dificuldade para falar as palavras de maneira simples, imagina quando ela se torna ainda maior? A chance de errar aumenta significativamente.
- Se durante uma fala espontânea ou em um momento de conversa aparecer um “erro” que a criança já tem a capacidade de perceber ou que já foi/está sendo trabalhado, realize a correção daquela palavra em sua própria frase dando ênfase na palavra desejada. Por exemplo, se a criança falar “Mamãe, coloquei o pato (prato) na pia”, você pode responder: “Obrigada por colocar o PRATO na pia, filha.” Assim, ocorre uma correção indireta e a criança não fica constrangida ou chateada.
- Respeite o tempo da criança. Se você perceber que a criança está agitada demais, desestimulada ou que não se sente confortável com a situação, mude o foco. Ela precisa se sentir confortável e acolhida em todos os momentos e respeitar a sua dificuldade também é ajudá-la.
- Na dúvida, fale com seu profissional de confiança. Ele poderá sanar seus anseios e pensar em estratégias particulares para aquela criança. Afinal, cada uma é única e não existe uma receita pronta de como agir e o que fazer.
- Corrigir é necessário, mas mais importante que saber o que dizer, é saber quando, onde e como corrigir, para que assim a correção traga bons resultados para todos- criança e família.
Celular,
a nova droga da sociedade
O uso do aparelho celular tem crescido de forma excessiva dentro de
nossas casas e atingido a todos, independente da idade.
O mercado brasileiro de smartphones reagiu e fechou 2017 com o segundo
melhor desempenho da história: 47,7 milhões de aparelhos vendidos, um
crescimento de 9,7% em relação a 2016 e 6,8 milhões a menos que em 2014, o
melhor ano até agora para o mercado, conforme informado no jornal Valor (https://www.valor.com.br/empresas/5409615/mercado-de-smartphones-volta-crescer-no-brasil-apos-2-anos-de-queda).
O uso do celular passou a ser uma necessidade para as pessoas, já que
não é mais preciso memorizar contatos telefônicos, procurar endereços, ter
máquina fotográfica, sair para comprar algo, dentre tantas coisas mais que o
aparelho telefônico inteligente permite ao usuário acessar e fazer, além da
simples função de fazer ou receber uma ligação de qualquer lugar.
Com tantos aplicativos sobre os mais variados assuntos, damos destaque
às redes sociais, o lugar onde todos são perfeitos, com vida alegre e feliz.
Lições de moral sempre postadas, além de tutorias de como viver, conviver,
cozinhar, maquiar, pentear, etc. A dedicação de tempo buscando a pose perfeita
para a foto a ser postada é maior do que o tempo dedicado conversando com o
familiar, que por muitas vezes está sentado ao lado, assim como a indisposição
em ouvir, ajudar e/ou reconhecer a pessoa ao lado, mas fazer tudo isso a quem
aparece na “linha do tempo” da rede de amigos, independentemente de conhecer
ou não o “amigo”.
O filho cresce, o show acontece, a festa termina, o encontro acaba, o
familiar ou amigo se vai e por vezes não há registro da emoção, do olhar, etc.
da pessoa que lá estava, mas está tudo registrado de alguma forma no celular,
inclusive sendo rapidamente postado nas redes sociais.
Mas será que vivo tudo aquilo que posto? Por que preciso tanto mostrar
ao outro o que faço, o que como, onde estou ou com quem estou? Na busca de
ostentar os melhores aparelhos telefônicos, curtidas, comentários,
visualizações etc, o contato pessoal com quem está bem à frente está se perdendo.
O celular, e tudo o que ele oferece, acaba tornando-se uma fuga da
realidade, e o indivíduo não se torna disponível para assumir seu papel seja
ele de pai, filho, irmão, vizinho, amigo, namorado, marido, funcionário, entre
outros, de forma efetiva. Vivendo o virtual não é possível focar, visualizar,
verbalizar e sentir o real. E viver o real, estar presente, provoca riso, dor,
choro, frustração e muito mais que promove o crescimento como ser humano.
É preciso muita atenção ao tempo que o individuo dedica para o uso do
celular, pois assim como outras drogas o uso excessivo dessa tecnologia pode
causar dependência ou até mesmo danos emocionais profundos.
Marina B. Mergl
Fonoaudióloga – CRFa: 2 19725
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