Textos Luciana

  Luciana Bastos Paiva Fernandes - Pediatra 


                                                 Bem vindos a mais um Humanitá Responde.  
A temática que mais permeou
nossos sentimentos nessa última semana foi sobre os temores do Coronavírus.
Uma Pandemia que tem assustado todos os lares.
Convidamos então nossa pediatra Dra Luciana Bastos Paiva Fernandes para responder as perguntas mais frequentes e nos auxiliar com cuidados específicos com nossas crianças.

Dra Luciana, as crianças são mais suscetíveis a esse vírus? 
Crianças e idosos são sempre os que mais sofrem com surtos de doenças. Geralmente apresentam imunidade mais baixa que os adultos jovens pois, os sistemas de defesa do organismo ainda estão em formação ou se encontram mais debilitados. Porém, especialmente neste cenário, as crianças apresentam sintomas menos graves do que os idosos, com baixo índice de casos graves e, principalmente, mortalidade.
O que podemos fazer para protegê-las?
Segundo a OMS, para conter a disseminação do vírus, devemos permanecer em quarentena, evitando o contato mesmo com parentes e amigos. Somente pessoas que trabalham em serviços essenciais podem sair do confinamento.  Além disso detecção precoce dos casos suspeitos e prevenção da infecção são importantes. Orientar as pessoas sobre hábitos universais, tais como: lavar as mãos com frequência, com água e sabão, por pelo menos 20 segundos; não tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; evitar contato próximo com pessoas doentes; tossir e espirrar usando um lenço de papel e, em seguida, jogá-lo no lixo; e limpar e desinfetar objetos tocados com frequência. Sair de casa somente se for extremamente necessário e quando retornar, deixar os sapatos na porta da entrada (usar sempre o mesmo sapato para sair), retirar toda a roupa, colocar imediatamente na máquina de lavar, tomar banho completo, lavando os cabelos, além, é claro, da desinfecção de tudo o que trouxer de fora.
Quais os sintomas indicariam se a criança está com esse vírus e o que fazer nessa situação?
Os sintomas não conseguem diferenciar a nova infecção por Corona vírus de uma gripe comum na grande maioria da população. Febre, tosse e dor de garganta, ou seja, sintomas respiratórios leves estão presentes em ambas. No caso da infecção em questão, os quadros podem evoluir com dificuldade respiratória aguda de rápida evolução em idosos ou pacientes que apresentam patologias crônicas prévias.
Como devem se comportar os pacientes com suspeita de Corona vírus?
Nos casos leves, os pacientes devem permanecer em casa e seguirem os cuidados tomados durante uma gripe como, por exemplo, repouso, sintomáticos e boa alimentação, sempre com observação rigorosa. Os cuidados para evitar a contaminação de pessoas próximas devem ser tomados (isolamento do paciente e de objetos usados e uso de máscara, além de desinfecção frequente). Já nos casos que evoluem com desconforto respiratório, a procura de uma unidade de saúde deve ser imediata.

Estamos enfrentando um problema sério em saúde pública e devemos lidar com isso da melhor forma possível. Devemos seguir as orientações que recebemos que são enfatizadas a todo momento, mas cuidar da saúde mental é imprescindível nesse momento. Mantenham-se ativos tanto física como mentalmente, assim preservaremos o corpo e a alma e sairemos dessa situação ainda mais fortes.
Fiquem a salvo e cuidem de si e de quem amam.
 

1 - A saúde da criança e do adolescente na era digital

A evolução da tecnologia digital vem transformando o mundo rapidamente de forma positiva e negativa.
Crianças e adolescentes fazem parte dessa geração digital. Usam diversos dispositivos eletrônicos, aplicativos e internet cada vez mais cedo, de forma mais intensa e com pouca ou nenhuma orientação.
Vários estudos comprovam que o uso precoce e de longa duração de tecnologias online, causam dificuldades de socialização e falta de conexão com outras pessoas, incluindo parentes. Além disso, acarretam  problemas escolares, ansiedade, violência, transtornos do sono e da alimentação, sedentarismo, problemas auditivos, visuais, posturais e lesões por esforço repetitivo (LER). O cyberbulling, pornografia, exploração sexual, uso de drogas, autoagressão e suicídio são também problemas descritos cada vez mais frequentemente.
Nossas crianças e adolescentes são alvos fáceis e temos o dever de cuidar de seu bem-estar físico e mental. Para tal, a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) recomenda:
  • Limitar o tempo de uso de tecnologia proporcionalmente ao desenvolvimento das crianças e adolescentes, devendo esse tempo ser discutido com o pediatra.
  • Proibir a exposição a conteúdos inapropriados para crianças menores, principalmente durante as refeições e uma a duas horas antes de dormir.
  • Limitar as mídias a uma hora por dia para crianças de dois a cinco anos.
  • Não permitir dispositivos eletrônicos nos quartos de crianças de zero a 10 anos.
  • Adolescentes não devem ficar isolados em seus quartos e devem dormir de oito a nove horas por noite.
  • Estimular atividade física diária por uma hora ao ar livre.
  • Proteger principalmente crianças menores de seis anos da violência virtual (jogos), pois não conseguem separar a fantasia da realidade.
  • Conversar sobre regras e uso da internet, proibindo exposição de imagens, informações pessoais e de senhas.
  • Monitorar sites, programas, aplicativos, filmes, vídeos e redes sociais, mantendo todos os dispositivos em locais visíveis e ao alcance dos pais.
  • Usar filtros de segurança e monitoramento.Enfim, se DESCONECTAR da net e se RECONECTAR com seus filhos, olho no olho, é a principal forma de manter uma família saudável física e emocionalmente, além de curar males já existentes.

2 -  A Importância da Amamentação para a Saúde da Criança  

Segundo a OMS (Organização Mundial da  Saúde), o leite materno é o alimento padrão ouro de referência para o recém-nascido. Recomenda-se que seja oferecido de forma EXCLUSIVA até os seis meses de idade e complementado até os dois anos ou mais.
Apesar dessa orientação ser de amplo conhecimento, o último estudo do Ministério da Saúde em 2008, realizado nas principais capitais brasileiras, mostrou que a prevalência de aleitamento materno exclusivo em menores de seis meses era apenas de 41% e a média de idade era de 54,1 dias.
 Juntamente com esses dados, evidenciou-se a introdução precoce e não oportuna de alimentos
complementares, o que predispõe à obesidade e deficiência de macro e micronutrientes. A produção do leite materno é dinâmica e ajustada às necessidades reais do lactente em cada mamada. Varia em
cor, aspecto e composição conforme o período gestacional que o bebê nasceu, a idade em que se encontra, faixa etária e dieta materna, fase de lactação,período do dia em que o leite é produzido e condições nutricionais da mãe e do bebê. 

Varia até mesmo dentro de uma única mamada, sendo o leite inicial composto por mais anticorpos, micronutrientes e água e o leite final, no qual se concentram as gorduras, importantes para o ganho de
peso do bebê.
O colostro, por exemplo, é um leite amarelado e espesso produzido logo após o parto até cerca de uma semana de vida do bebê e confere, além de nutrição, proteção contra agentes infecciosos e
crescimento saudável da flora intestinal.
O leite de transição, produzido do sétimo ao décimo quarto dia, tem sua composição muito pouco modificada e apresenta grande aumento em seu volume. Já o leite maduro, apresenta diversos nutrientes e varia muito de composição durante as fases de lactação, de acordo com a necessidade
do bebê. Vários estudos mais recentes comprovaram que o leite materno, devido à sua composição, tem importante e decisivo papel na prevenção da obesidade e sobrepeso na infância e conseqüente
diminuição de  risco de doenças crônicas desenvolvidas na fase adulta, como, por exemplo, a diabete.
O leite materno fornece nutrientes em quantidades adequadas às crianças e apresenta teores elevados
de substâncias essenciais para o desenvolvimento neurológico, motor e cognitivo. 

Outras substâncias presentes no leite materno têm ação na homeostase energética e agem no controle da saciedade ao nível cerebral. Além disso, mecanismos hormonais e comportamentais estão associados na amamentação. Entende-se que há um ajuste de volume ingerido na mamada, ofertando-se uma quantidade calórica adequada para o lactente crescer, sem excesso. 

Mas quem é mãe, como eu, sabe que toda essa teoria parece simples e perfeita, mas na prática tudo é bem diferente. Amamentar não é uma tarefa fácil. É necessária muita perseverança e ajuda de
familiares, amigos e profissionais de saúde.

Visão de uma mãe pediatra com pós-graduação em Nutrologia

 Luciana Bastos Paiva Fernandes

Pediatria formada em 2000 pela UFMGcom pós-graduação em Nutrologia CRM-SP 188839

Email: luciana.clinicahumanita@gmail.com

 



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