Textos Camila



Auto-controle: a difícil tarefa de dizer não para si mesmo
É comum exagerar em compras e alimentação farta nos períodos de férias, mas ao chegar o período seguinte chegam também os arrependimentos e os esforços para a retomada dos velhos e bons hábitos. Assumir consigo mesmo o compromisso de resistir aos impulsos tanto de comprar excessivamente ou de comer além da conta, seja durante o período de férias ou fora dele, estar certamente relacionado à questão do autocontrole. O que mantém os comportamentos em excesso são os ``reforçadores imediatos``, que no caso do comportamento de comer pode-se considerar como um dos  principais responsáveis o sabor agradável da comida e, no comportamento de comprar, a aquisição do objeto desejado. A consequência negativa de aumento de peso ou de redução dos recursos financeiros aparece como uma punição atrasada e, geralmente, os reforçadores imediatos saem ganhando. Considere-se, por exemplo, o problema de comer doces em
excesso: comer uma sobremesa extra é imediatamente reforçado pelo sabor agradável dela. E, embora os efeitos negativos
(aumento de peso, colesterol alto, etc.) da sobremesa adicional certamente ocorre, eles não podem ser imediatamente notados. Em função disso, diminui-se a resistência às sobremesas extras, aumentando-se, por outro lado, a possibilidade sérios problemas de saúde. No caso do comportamento de gastar em excesso, é o acúmulo de prestações e de compras no cartão de crédito que poderá causar graves problemas financeiros. É importante ressaltar que o comportamento de autocontrole pode ser ensinado desde a infância. Os pais, ou responsáveis pela educação das crianças, precisam
favorecer hábitos de alimentação saudável e controle de ganhos de presentes, mesmo que estes sejam pequenos e baratos. Aprender a lidar com a frustração de que não vão poder ganhar ou comer tudo aquilo que pedirem a todo momento, favorece a instalação do comportamento de autocontrole nas crianças. Na vida adulta, muitas vezes adquire-
se o hábito de se auto presentear como forma de suprimir pequenos desconfortos ou desprazeres, adiando a solução de perda de peso ou de controle financeiro, o que gera aumento de ansiedade e baixa autoestima.
E superar esse modo de se comportar não é tão simples quanto possa parecer; muitas vezes é necessário o auxílio de profissionais qualificados.
Algumas dicas podem ajudar:
1)Estabelecer objetivos claros, com metas a curto,médio e longo prazo;
2) Coletar mensalmente dados de controle (custos financeiros ou sobre medidas do corpo);
3)Planejar uma nova postura (fazer uma poupança ou uma dieta balanceada e específica para cada indivíduo);
4)Estabelecer uma rotina (anotar compras na planilha ou exercício físico de maior preferência);
5) Executar esse plano de tratamento com determinação;
6) Possuir estratégias de prevenção de recaídas.
Uma estratégia para reduzir os comportamentos em excesso é reorganizar as condições ambientais de modo a aumentar a probabilidade de que o comportamento desejado possa ocorrer com maior facilidade. No caso do comer doces em excesso, por exemplo, pode-se evitar a presença desse alimento em casa ou no ambiente de trabalho.  Dificultar o acesso pode ser uma estratégia útil para a conquista do objetivo desejado. No caso do comportamento de gastar compulsivo, uma solução seria eliminar temporariamente o uso de cartões de crédito e talões de cheque, utilizando-se, apenas, o dinheiro planejado para ser gasto, até que progressivamente seja possível conviver com as “tentações” sem perder o autocontrole. A conquista por um corpo magro e um bolso gordo depende de muita determinação.

Educar filhos é um grande desafio

Ser pai e mãe não é, decididamente, uma tarefa fácil. Ao nascimento do bebê a vida e a rotina dos pais sofrem uma mudança radical, e até que os filhos ganhem autonomia para cuidar de suas próprias vidas os pais são a garantia da satisfação das necessidades para o desenvolvimento deles como indivíduos e cidadãos.
No primeiro ano de vida da criança é fundamental que os pais estabeleçam um vínculo afetivo bem consolidado, o que garantirá à criança um desenvolvimento mais adequado e saudável. Para se estabelecer esse vínculo estável é preciso que os pais saibam compreender e, mesmo, responder às demandas da criança, que estejam “ligados” às suas necessidades, respondendo a elas o mais prontamente possível e da maneira adequada. Isso se torna importante por possibilitar ao bebê o sentimento de segurança, visto que, dessa forma, é que ele vai aprendendo a confiar em seus cuidadores. Com um vínculo afetivo seguro e bem estabelecido, toda criança, nos anos que se seguem, terá melhores condições de dominar as frustrações ao terem seus pedidos negados.
É esperado que nas diferentes fases do desenvolvimento as crianças busquem o que lhes dá satisfação imediata e reajam de forma intensa quando contrariadas à tal conquista . Ao mesmo tempo, é importante lembrar que as crianças, ao nascerem, não sabem como se controlar e nem têm a noção do certo e do errado. Cabe, então, aos pais assumirem a responsabilidade por mediar as novas conquistas da criança, apesar do quão extenuante possa ser, às vezes, esse papel.
A incapacidade da criança pequena de apresentar comportamentos adequados em determinadas ocasiões faz parte do seu próprio processo de aprendizagem sobre o mundo e de sua compreensão de que há comportamentos que são aceitos e outros que não são. Para se obter um processo de aprendizagem mais tranquilo e desejado, é fundamental a coerência e a consistência sistemática nas ações dos pais, pois são importantes modelos para as crianças. Igualmente coerentes e consistentes devem ser os educadores no ato de ensinar. Muitos pais questionam-se sobre a melhor forma de controlar os comportamentos inadequados dos filhos, a fim de apontar os limites entre o certo e o errado, já que impor limites à criança certamente é fundamental para um adequado desenvolvimento social.
A primeira recomendação a fazer aos educadores é que nunca utilizem comportamentos agressivos com a criança, seja por meio de ações verbais ou físicas. É importante a compreensão de que os castigos e as punições, tão frequentemente utilizados, em um primeiro momento podem até trazer o efeito desejado, uma vez que a criança poderá interromper o comportamento inadequado. Entretanto, no longo prazo, essa maneira de proceder não garante que o comportamento desejado se instale, uma vez que o foco da atenção não está voltado ao que se deseja instalar.
Há medidas mais funcionais que podem ser adotadas pelos adultos diante dos comportamentos indesejáveis da criança, como, por exemplo, colocar a criança para “pensar’, fazê-la perder algo de que gosta muito, ser retirada do ambiente prazeroso. É importante, entretanto, ter em mente que para cada idade deve-se utilizar diferentes tipos de estratégia visando-se o controle dos comportamentos inadequados das crianças. 
O fundamental é que os pais e educadores entendam que para as medidas restritivas serem educativas é necessário: explicitar à criança a relação entre o que fez e a consequência desagradável que teve de enfrentar pelo seu comportamento, ser compatível com o nível de desenvolvimento da criança e nunca esquecer de elogiar seus comportamentos adequados subsequentes.
Cabe aos pais entenderem que a criação dos filhos é uma tarefa longa e com muitas dificuldades a serem superadas. É uma experiência contínua e que requer esforços concentrados na busca do melhor papel de pai e de mãe e da melhor relação entre os membros da família.
No passado, a orientação psicológica era compreendida como tratamento voltado apenas aos “desajustados”. Felizmente, nos tempos atuais, a orientação psicológica, cada vez mais, está sendo compreendida como suporte no enfrentamento de dificuldades de adaptação e inserção social. Entretanto, muitos pais ainda temem que suas dificuldades em relação à educação dos filhos constituam fracasso pessoal e demoram para encarar o problema. Deixam para “pedir socorro” somente quando as coisas já se agravaram muito. É importante, pois, que os pais entendam que encontrar dificuldades nas práticas educativas não é demérito algum e quão importante é procurar ajuda de um especialista quando necessário for. É fundamental terem consciência sobre as dificuldades e estarem dispostos e envolvidos nas atividades de mudança, ou seja, que cada um dos participantes do processo educacional dê sua parcela de contribuição para a melhoria no relacionamento pais e filhos.
 

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