Textos - Ana Carolina

 Ana Carolina Gargia Manfrin


Será que tenho Depressão?
            Já foi na academia hoje? Comeu frutas e tomou dois litros de água? Já foi na terapia essa semana? Esta pergunta certamente não será respondida com entusiasmo similar àquelas formuladas anteriormente ou de quando falamos sobre o novo equipamento de ginástica da academia.
            Será que cuidamos da nossa saúde mental como cuidamos da nossa saúde física? Esse é um assunto tão ou mais importante, mas que ainda é considerado tabu nos dias de hoje, seja por vergonha de assumirmos publicamente nossas dificuldades, seja por preconceito ou medo de sermos julgados, ou mesmo pela falta de conhecimento sobre nossos próprios sentimentos e emoções.
            A frenética correria dos dias atuais podem, muitas vezes, resultar em verdadeiras oscilações no nosso humor, levando-nos a nos sentirmos como montanhas-russas com seus altos e baixos que provocam frios na barriga; momentos de calmaria são intercalados por outros que nos impõem a tomada de fôlego para continuar. Entretanto, o fato de enfrentarmos dias mais difíceis, nos quais experimentamos sentimentos de tristeza, não devem ser motivo de preocupação. Mas, quando você perceber que deixou de dar valor àquilo que mais te dava prazer, vontade incontrolável de chorar sem motivo aparente, ansiedade, angústia e irritabilidade frequentes, opa! Sinal de Alerta!
            O Brasil tem a maior taxa de pessoas com depressão na América Latina e uma média que supera os índices mundiais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que atualmente é a quarta doença mais incapacitante em todo o mundo.
            A depressão atinge pessoas de qualquer idade, mais frequente entre mulheres e se apresenta de formas diferentes em cada indivíduo. Uma criança com comportamentos irritadiços ou um adolescente com abuso de álcool ou drogas pode estar com a doença.
Sintomas mais comuns de depressão:
·         humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia;
·         desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas;
·         diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis;
·         desinteresse, falta de motivação e apatia;
·         falta de vontade e indecisão;
·         sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio;
·         pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte. A pessoa pode desejar morrer, planejar uma forma de morrer ou até mesmo tentar suicídio;
·         interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom “cinzento” para si, os outros e seu mundo;
·         dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;
·         diminuição do desempenho sexual e da libido;
·         perda ou aumento do apetite e do peso;
·         insônia ou, menos frequentemente, aumento do sono;
  • Sintomas corporais, como dores, problemas digestivos e alterações nos batimentos cardíacos, entre outros.
            A verdade é que existe uma oscilação de humor, que faz com que muitas pessoas duvidem da gravidade desse problema. Alguém com o transtorno pode conseguir sair com os amigos e rir por algumas horas, o que faz parecer que nada está errado. Mas a depressão está ali. Mesmo se algo maravilhoso acontecer ou estiver acontecendo, a pessoa continuará triste. Não depende de força de vontade e muito menos deveria ser menosprezada. No seu nível mais alto e quando não tratada com a devida seriedade, a depressão pode levar ao suicídio.
            A ausência de debate sobre o tema, a falta de informação e de apoio às pessoas com depressão, juntamente com o peso do estigma sobre o transtorno mental, impedem muitas pessoas de buscarem tratamento médico, psicológico e demais redes de apoio.
            Espero que o texto tenha sido útil para deixar claro o que sente uma pessoa com depressão. Pode ser que você tenha identificado vários desses sintomas em um amigo, um familiar ou até mesmo em você. Procure e oriente as pessoas a procurar ajuda profissional especializada de um médico psiquiatra e psicólogo.
Se cuide, faça terapia!

Ana Carolina Garcia Manfrin  - Psicóloga Clínica (CRP: 06/94829)

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