Textos Raquel



Autismo: a emergência dos primeiros sinais

              O Transtorno de Espectro Autista (TEA) é uma condição neurodesenvolvimental atípica, que se manifesta por comprometimentos no comportamento social, na comunicação e linguagem, e por padrões restritos e repetitivos de comportamentos e interesses. Não raramente podem estar associados ao TEA outros transtornos como os de atenção e hiperatividade, ou do processamento sensorial, além da deficiência intelectual.
            A abrangência dos sintomas que compõem o espectro autista é tal que acarreta em uma ampla gama de manifestações clínicas. Contribui para isso o modo singular como tais sintomas são expressos por cada indivíduo com autismo, impondo limites ou prejuízos, de diferentes níveis, ao seu funcionamento cotidiano.
            Os primeiros traços ou sinais de risco para autismo emergem na infância e persistem ao longo da vida. Por volta dos três ou quatro anos eles já podem aparecer claramente, mas estavam presentes antes mesmo dessa idade. Problemas no desenvolvimento social são os primeiros a irromperem, em torno do segundo semestre de vida: o bebê engaja-se pouco em interações sociais, estabelecendo poucas trocas de olhares ou sorrisos sociais; não responde ou não se orienta ao ser chamado pelo nome; não “estranha” ao ser afastado dos seus pais ou cuidadores principais; tende a mostrar ansiedade, medo ou indiferença no contato com outras pessoas; tem pouca habilidade de atenção compartilhada (por exemplo: mostrar ou entregar algo que lhe satisfez para alguém ou interessar-se por algo que outra pessoa achou curioso).
            Os comprometimentos sociais constituem os melhores indicadores precoces de uma trajetória de desenvolvimento autista. Mas, por volta dos 18 meses do bebê, as alterações na linguagem e na comunicação preocupam os pais e são os sintomas mais frequentemente relatados aos profissionais da saúde. Referem-se, especialmente, às vocalizações pouco frequentes, à pouca comunicação gestual e à regressão na fala.
            O bebê que apresenta sinais de risco para autismo pode também passar a exibir estereotipias e maneirismos, brincadeiras repetitivas e interesses restritos. Sinais substanciais de que algo não vai bem com o bebê indicam que estratégias terapêuticas se fazem necessárias, mesmo que nessa idade não seja viável “fechar” o diagnóstico de TEA.
            Intervenções em idade precoce atenuam os impactos do TEA no desenvolvimento do bebê e na relação dele com seu ambiente de cuidado. Por orientarem-se na identificação de potencialidades e apoiarem-se na neuroplasticidade, as intervenções precoces acentuam as possibilidades de o bebê responder mais favoravelmente aos impasses do seu desenvolvimento.
            Os caminhos de abertura do isolamento autista, que propiciam ao bebê o aprendizado de novas habilidades e a experiências de estruturação subjetiva, são uma emergência para esse bebê!




Bibliografia:
Araújo, Álvaro Cabral. Neto, Francisco Lotufo. “A nova classificação americana para os transtornos mentais – o DSM V”. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. 2014.vol 16, n1, pp67-82

Bialer, Mariana. “Autobiografias no autismo” São Paulo, 2017. Editora Toro.
Zanon, Regina Basso. Backes, Bárbara. Bosa, Cleonice Alves. “Identificação dos primeiros sinais de autismo pelos pais”. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Jan-Mar, 2014, vol 30, n1, pp 25-33

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